O dia da morte de Seu Manuel

uma ruptura na trama

drama sobre drama e lhe hão

de dizer

calma! calma!

cama & cama nessa múmia

minha unha se parte contra o carpete

estou em trabalho de parto

cubro as mãos de euforia com o rosto jogado

um sino não cede eles sentem meu

dia anoitecendo

santo que ladra não vira a pedra

o pastor com a língua de fora devora meus pensamentos

com o rabino entre as pernas

calma! calma!

leva leite no leito do coitado

que é pra descê a pílula!

soro na veia deste pobre

alguém acode, alguém me acorde!

filha única de pai solteiro filha

minha de nascer cabelo branco

numa cabeça novinha em folha

filha faz um favor a teu pai

espalha um riso neste passo falso

acha motivo no rio raso do amargo

dá esse gosto pro teu velho ainda vivo

vive em mim tua razão pro riso e ri

alto

não leva o lobo na feira junto com o gado cumpadre

pra ver se o bicho ainda pode

ninguém se move! acho que perdemos contato!

e eu a essa hora já ia bem longe

abrindo as porteiras do alto

Avati
Enviado por Avati em 22/02/2011
Reeditado em 22/02/2011
Código do texto: T2808303
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