O dia da morte de Seu Manuel
uma ruptura na trama
drama sobre drama e lhe hão
de dizer
calma! calma!
cama & cama nessa múmia
minha unha se parte contra o carpete
estou em trabalho de parto
cubro as mãos de euforia com o rosto jogado
um sino não cede eles sentem meu
dia anoitecendo
santo que ladra não vira a pedra
o pastor com a língua de fora devora meus pensamentos
com o rabino entre as pernas
calma! calma!
leva leite no leito do coitado
que é pra descê a pílula!
soro na veia deste pobre
alguém acode, alguém me acorde!
filha única de pai solteiro filha
minha de nascer cabelo branco
numa cabeça novinha em folha
filha faz um favor a teu pai
espalha um riso neste passo falso
acha motivo no rio raso do amargo
dá esse gosto pro teu velho ainda vivo
vive em mim tua razão pro riso e ri
alto
não leva o lobo na feira junto com o gado cumpadre
pra ver se o bicho ainda pode
ninguém se move! acho que perdemos contato!
e eu a essa hora já ia bem longe
abrindo as porteiras do alto