Sonho de um voô chinês
Acenda um cigarro comum
E abra lentamente a janela,
Pule apenas quando o sol se por
Num lunático vôo, de despedida dela.
Não olhe pra trás, não respire
Saque a rolha da gamela,
Beba todo o wisky chinês
E cante seus versos para ela.
Deixará somente literaturas fanáticas
Rabiscos em ladrilhos, grifos eu te amo,
São nuvens brancas inúteis, frases soltas,
Jardins coloridos em letra torta preto e branco.
Mas quando ao solo chegar não se engane
Ela não estará chorando,
Nenhuma lágrima, nem tormento,
Não terá nenhum pranto.
Terá apenas um sorriso solto, uma canção de amor
Carta programada
Luto pelos cantos.
E quando acordar, sem encanto
Acenda de novo um cigarro comum, abra a janela
E acredite
Foi apenas mais um sonho,
de tantos.