FEIJÃO CAÍDO - A HISTÓRIA DE UM ANJO
FEIJÃO CAÍDO - A HISTÓRIA DE UM ANJO
Nasci anjo de asas de fogo
Sem auréola e fora do jogo
Mas fui jogado em um canto
Feijão caído feio sem manto.
Anjo com asas apagadas pelo caçador
Algemas nos pés por ser um pecador
Lendo livros escondidos vieram fantasias
Preparando para lutar nas ventanias
E no dia exato em uma mentira
Exponho minhas asas de safira
De feijão volto a anjo pelo dom
Mesmo sendo frágil como crepom
O caçador na historia ficou para trás
Entra a fada bela e sutil como um gás
O anjo conhece o sentimento amor
Que desabrochou tal qual uma flor
Fada de olhos verdes e asas de esmeralda
Ele a leva a serio para ela por a grinalda
O anjo dava o céu, seus sonhos e sua totalidade
E ela crescia sem pensar em uma cumplicidade
E de anjo fui jogado no canto como feijão
Não voava e descoloria as asas pela paixão
Quando fiz um teste para ver o amor da fada
Fui enterrado por ela com uma só enxadada
E ali fiquei no frio úmido da terra afável
Feijão enraizado e sendo sempre amável
Asas secas que mais lembram folhas mortas
De beleza nem mais uma linha nem as tortas.
A que lá trás um dia foi a minha maldição
Num dia qualquer foi a minha salvação
O amor batia em minha porta novamente
Tenho que reviver meu corpo dormente
Minhas asas se alimentaram de sereno
Ficaram limpas e alvas sem o doce veneno
Elas pareciam feitas do mais puro cristal
E tudo na vida parecia ser tão natural
Você uma elfa com os seus estudos
Sempre certa e com aspectos sisudos
Entrou em minha vida me trancando
E aos poucos foi acabando me matando
Com suas certezas congelou o coração
Em minhas investidas uma negação
Meu castelo virou em uma gaiola
Onde nem posso tocar uma viola
Quebraram-se minhas asas de cristal
Tornei-me novamente um vegetal
Solução tirar a elfa de meu castelo
Pois para ambos a vida é um flagelo
Ela que era a bela se tornou numa ogra
Deixou à deriva no mar sua bela logra
Quer um anjo, mas ele é agora um gárgula
Que por não ter asas virou um crápula
Escrevo triste este poema a luz da vela
Sonhando com a paisagem da janela
Creio que podemos matar a infelicidade
Se cada qual trilha uma via em busca da felicidade
André Zanarella 14-02-2011
Logra =F. T. do Faial. Embarcação de três mastros,
um pouco semelhante a certos lugares.
(Por lugar, de lugre2?)