O cavaleiro e ela e ela e o guerreiro e o guerreiro e o cavaleiro
O meu riso se perdeu no vento,
o seu vento se perdeu na aurora,
ela chama, sempre chama...
mas, Deus... cavaleiro! Quanto demora...
Ela se ajoelhou nos campos e olhou as árvores,
ela ouviu seu pai dizer,
ela ouviu sua mãe falar...
Olhe as estrelas, Inês, filha querida!
E nas estrelas ela perdeu seu olhar;
Eu só queria tocar a lua de Lauro.
Mas a lua para ela brilhava negra...
negra e fugitiva...
Não fuja, mago, não... que ela morre.
Morreu cada dia de saber a verdade certa;
Lauro, quem te ama?
Depois ela foi tomada pelos espíritos vivos
(das árvores e mais do vento).
Chorou e secou seu sorriso,
não por ele,
mas pelo momento...
Devolva-me a flor branca, cavaleiro.
Mas havia, então, um guerreiro,
que jurou morte e destruição em seu nome.
Ela se bateu contra o próprio corpo,
perdeu a noite e comeu a fome.
E o guerreiro jamais para...
nem por amor e nem por ambição,
vomita o poder e ela vomita a dor,
e persistem na maldição.
O cavaleiro foge como sempre fugiu,
o guerreiro se vinga do que não conquistou,
e ela chama, apenas chama,
pelo nome de quem muito amou.
Morra!
Quando ela chora, não olha pro alto,
que se sentir a lua pode ser pior.
Ainda que de cima olhe desse planalto,
vive nos subterrâneos se arrastando ferida.
E chama... a chama, a luz,
que agora está mesmo perdida.
Corram a buscar o ar,
salvem a vida de quem tanto morreu,
soprem desesperados os vórtices...
Piedade! devolvam o que ela perdeu.
O guerreiro luta por seu orgulho,
acreditando na sua mentira de amor,
o cavaleiro (de novo) ele foge,
pra não vê-la engolir toda a dor,
o guerreiro persegue seu sangue,
quer destruir quem há muito fugiu,
não vê o erro que se arrasta no tempo,
e pisa na vida que ele destruiu.
O meu riso se perdeu no sonho,
o sonho dela se esvaiu no vento,
os irmãos se desconhecem estranhos,
pois a fúria e o medo são senhores do tempo.
O cálice se quebrou nas mãos dela,
cortou-lhe as veias e diluiu seu sangue.
O cavaleiro foge,
a sonhadora cai,
o guerreiro... Avante!
A história segue antes que o Sol se levante...
Quando? Falem...
A flor branca se manchou de gotas
que desceram da espada maldita e afiada.
Maldito! Será que você não entende?
Olhe bem pra essas letras!
E ela olha,
ela grita,
ela chama e se queima,
ela chora.
Tudo ela faz... menos amar,
amar de novo, não! Lauro. Por você...
Se, ao menos, eu...
(Eu) pudesse salvá-la.