Inimigo secreto
O homem chora a partida,
festeja a chegada.
Não percebe seu maior inimigo.
Não conhece o cheiro,
o gosto,
a forma,
tamanho,
e espessura.
Apenas o vê passar.
Não o encara,
sobre ele pouco fala.
Não consegue descreve-lo.
As vezes o agradece
ou se enfurece pelo que ele lhe fez ou faz.
Não tem hora e nem data para acabar.
Tal inimigo é silencioso,
imperceptível.
Possui presente,
passado
e futuro.
O presente se sabe que é,
o passado se sabe que foi
e o futuro não se sabe apenas se espera.
Com o silêncio ele chega,
se revela vagarosamente,
então percebe-se que ele é o tempo.
Aquele que proporciona a partida
e a chegada,
que nos deixa lembranças,
marcas,
nos envelhece,
nos deixa tristes ou alegres.
Mas o melhor da descoberta
é perceber que no fim,
o inimigo na verdade é o melhor amigo.