Cercas

Cercas

Há tanta terra para poucos donos

Muito pasto para pouco gado

Há tantas arvores oferecendo sombras

E várias cercas delineando

No asfalto quente a fome faz ninho

Esperando uma brecha para o outro lado.

Há tanta esperança nas bandeiras ao vento

Nos rostos rubros pelo sol a pico

No estomago que grita ao meio dia

No olhar distante, na primitiva fé

Na caminhada árdua em revelia.

No meio da noite rompe-se a cerca

Sob a lona preta forma-se um lar

Orações fervorosas ao pé da Virgem

Para que haja chuva suficiente

Que o sol fecunde a terra fértil

E que brote o verde daquela semente.

Na madrugada fria a porteira bate

Homens avançam enfileirados

Seus cães farejam tudo que é vida

Num sobressalto ouve-se o estampilho

E a morte correndo do mesmo lado.

Mas há tanta terra para poucos donos!!!!

Perpétua Amorim
Enviado por Perpétua Amorim em 02/11/2006
Código do texto: T280051