Cercas
Cercas
Há tanta terra para poucos donos
Muito pasto para pouco gado
Há tantas arvores oferecendo sombras
E várias cercas delineando
No asfalto quente a fome faz ninho
Esperando uma brecha para o outro lado.
Há tanta esperança nas bandeiras ao vento
Nos rostos rubros pelo sol a pico
No estomago que grita ao meio dia
No olhar distante, na primitiva fé
Na caminhada árdua em revelia.
No meio da noite rompe-se a cerca
Sob a lona preta forma-se um lar
Orações fervorosas ao pé da Virgem
Para que haja chuva suficiente
Que o sol fecunde a terra fértil
E que brote o verde daquela semente.
Na madrugada fria a porteira bate
Homens avançam enfileirados
Seus cães farejam tudo que é vida
Num sobressalto ouve-se o estampilho
E a morte correndo do mesmo lado.
Mas há tanta terra para poucos donos!!!!