Amanheci achando que sou uma MOEDA
Embora não oferecessem
O modelo em gesso.
Nem a matriz definitiva
Do que realmente sou.
E não tivesse passado
Por esse toldo redutor
Estreitando-me.
Ainda lembro a estranha descoberta
Do próprio retrato
Prensada no maciço metal
Programada a fundo
De modo a não ser falsificada.
Do simples esboço
Feito a lápis e tinta
Rompe o giro sagrado
Do meu eu entalhado.
Sem saber dessa relação
Da psicologia do consumismo
Desse decreto legal do quanto valho.
Vejo que dependo da condição
Muito ou nada da situação.
Posso ser o passe livre desse veículo
Que leva pra longe
Ou a falta irrisória que deixa de fora.
Acho mesmo que sou a casa da moeda
Fabrico e imprimo meu próprio valor.
Apesar de ser única
Posso prestar-me a serviços alheios
Arredondando a conta de alguém
Que não quer o troco do nada
Que tenho cunhado.
Ou o muito que não dá pra administrar
Preferindo no cofre deixar.
Quando chego a mão do mágico
Perco o valor monetário
E ganho o valor hilário.
Faço o riso da situação
E divirto no momento da aparição.
Vejo olhares curiosos
Não pelo valor intitulado
Que não tem nada de extraordinário.
Sinto apenas a vibração
Do fino fio reluzente
Nesse ilusionismo aparente.
Que transforma bronze em ouro
Devido a esse olhar milagroso.
Que não precisa de autorização
Pra sentir emoção.
Circulo a vontade
Imprimindo quantas moedas
Quiser do meu eu.
Tenho o passo livre
Uma capa dourada talvez
Resistente a corrosão.
Quando for lançada fora
Não quero Ser foco de contaminação.
Quero apenas o desfazer simplificado
Sem nenhum mal ter deixado.
Tenho componentes misturados
Tenho o Plano Real de minha composição.
Não sou apenas liga
Posso ser também o azinhavre
Presente no ar e na umidade
Dependendo de como toca minha pele.
Antes que me revele.