Desencantar

Faça-me um favor...

Sim, Milady...

faça-me um favor...

olhe o céu. Escute o vento,

Detrás dessa janela de madeira velha

eu olho os rostos nas nuvens,

enquanto você chora.

Belas tardes, Lord, eu passei longe do teu braço,

Belas as mãos que plantaram o jardim.

Bendito seja o espírito de ventania,

Ouro em chumbo em via ela transformar.

Onde foi que enterraram Candace

depois que a rainha morreu?

Era noite e os lobos uivaram,

oh, não! Os lobos, não!

Enterraram meu umbigo às raízes de um sonho bom,

derrubavam as plantações e chamavam por Maldição.

Ela era bailarina

e as flores, então, reverenciaram...

grande, a Lua se atirou no mar,

toda a água secou num momento.

e eu nem vi desfalecer meu sentimento.

Beije o azul do céu, pobre menina!

Sim, eu beijarei, Milord...

mas faça-me um favor...

Sim, faça-me um favor, menina.

Prenda os cães, cale os lobos,

desapareça com os felinos, sim...

Mas, por quê?

Ela me disse que o vento disse que a Deusa disse:

Não há mais tempo para se lamentar.

Bem, se assim for, estamos perdidos...

porém, acabo de achar a solução.

A loucura é o auge, a sonhadora é a chave...

busque-a no céu, menina do deserto,

que meu deserto não tem lugar pra você.

E nem pra mim,

porque as flores precisam de espaço

e aqui é muito abafado para uma orquídea.

Por isso ela morre, papai?

Sim, minha filha, assim como você há de morrer

Um dia

Por suas vontades.

Essa é a maldição. Essa?

Sim. Essa.

Então, sem mais lugar que te suporte,

há de ver que tudo se faz em vão.

Quando eu sinto que o mundo não me aceita mais,

então eu te busco, página amiga e feia.

Busco um pedaço a que me agarre na vastidão.

Nada mais me anima, nada mais no mundo.

Não entendo porque não entendo essas cores,

nem sei se era esse meu lugar de nascer;

Minha imagem... não pode ser real.

O espelho mente, todos mentem,

eu também aprendi mentir.

Será que você me faz um favor...

Sim, Milady. Um favor...