Chico

Todo mundo ama e respeita

Mais que ícone é um marco

Homem culto de crítica bem aceita

De comunas a anarcos

Além de tal meio, o poeta inebriante

Ergue-se forte como figura possante

E agora como qualquer filho de Souza

Torna-se em bote salva-vidas da arte inconstante

Em palcos teatrais mal acabados

Brotam scripts sanguinolentos de pouco plasma

Eis que se atira Chico ao meio

Presto! A platéia observa calada, pasma!

Saltitam as temidas canetas e de alvo

Passam aos mais amados

Pois o representar de hoje é muito singelo

Basta um cartão atraente e bom Listerine

Assim se formam MacBeths, Dantes e Faustos...

Faustos não, pois não está na moda, não dá, nem é belo!

Em contrapartida, na ausência de um preguiçoso teste de elenco

Atira-se um disposto homem a chacoalhar seu mastro

Perfeito! Quem precisa de roteiro?

Monólogo filosófico daqueles de horário nobre

Sobre os paradoxos do preço do castro

E a multimídia permanece pobre, quem se importa?

Todos temos morteiro!

As festividades aproximam, os coliseus se lotam

As formigas partem em busca do alimento

Pra seu fungo interno, que muito esperto

Sente mais fome, devorando de pára-choques a cimento

Faz-se música, globalizada, Welles é novamente pop

Xanadu virou conversa de botequim

Mas é mesmo ao cair da noite que repercute o estopim

E cada prédio decadente se enche do sumo

Do excesso de tudo, ao ponto

Até mal alienado

Me dá uma ajuda moço, tou passando vontade!

Pois não, mas ora é claro

Deus lhe pague