A ARTE E A POESIA
Por que me fitas assim, boneca de louça?
O que sentes aquando me fitas?
Eu cá te vendo em tua arte,
Contemplando-te a beleza que, ao fitar-te,
Invade-me como um incenso;
E eu penso:
Nada terias para eu amar-te,
Não obstante a plástica da arte.
Com esse olhar imóvel de tristeza,
Rijo, a estatuar sobre esta mesa,
Minha alma, tu me partes.
Ouve-me! Estou embevecido,
Ou, melhor dizendo, enternecido,
Exalando um sentir suave e morno,
Como aquele pão que sai do forno.
Não sei se é paixão,
Não sei se é a arte ou a poesia,
Essas duas irmãs, qual me judia,
Não sei qual a razão.