Desvario

Do Capítulo da paixão.

Um poeta incomum, de traços comuns

de gestos comuns

de ofício comum

falou-me um dia

sobre os meus cabelos

lembrou-me que os meus cachos

são brasileiros.

Um poeta de força incomum

beijou-me

me acariciou a testa,

me beijou o colo,

e em poucas palavras

decifrou-me.

Um poeta de olhar incomum

cantou para impressionar-me

cantou uma canção simples

linda, uma Valsinha

cantou para que eu sorrisse

para que eu não mais chorasse

para que eu vivesse.

Um poeta comum em desordem

disse-me que não mais voltaria

que não mais me amaria

enchi-me de lágrimas

e

dentro de mim, por longos instantes, morri.

Um poeta comum tentou fugir

soltou então a minha mão

e

retomou a sua velha viagem.

Um poeta incomum,

na ausência sentiu...

e

ante a bagunça de sua história

complexa e apaixonada,

bem no cantinho... olhou...

me viu e pressentiu

que sua alma é chama

e me chama

e

de volta pra mim, chegou

de mansinho e ante o beijo

sorriu...

Brasília - DF, 2010.

Do imaginário poético de quem reconquista.

VivianMariaMaranhão
Enviado por VivianMariaMaranhão em 16/02/2011
Reeditado em 20/10/2011
Código do texto: T2796165
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