O ESTUPRO DAS ESTÁTUAS

O E S T U P R O D A S E S T Á T U A S

Daquele gordo meteoro

Que os hilários coroas

Diziam ser lixo atômico

Esculpiram duas estátuas

Uma toda negra luzidia

Conhecida por obsessão

Compraz-se em ingênuo desatino

É glutona da concórdia

A outra se vê que é rubra

Chamam-na deprê... depressão

Fortalece-se por expressar negativismo

É letárgica na conduta

A primeira é completamente cega

A segunda é perigosamente violenta

Ambas exprimem egoísmo

O rei do apocalipse, o peido

Num século de insônia

Violou as gêmeas

O velho desgraçado de olhos tortos

Com o ânus soprou seu berrante

A fedentina se fez insuportável

Pelas ventas aspiraram enxofre

E lutaram a batalha do armagedon

Elas pela honra e ele pelo gozo

Não houve vencedores

O ex-anjo toca as trombetas da dor

Não mais existem selos nem hímens

Está consumada a violação

Aquela amórfica escultura era de gelatina

Naquele quasar o estupro foi inédito

Na ordem do dia, ménage à trois

Tornaram-se tolamente mudas

E o tempo seguiu adiante

(setembro/1983)

Aleixenko
Enviado por Aleixenko em 16/02/2011
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