VERSOS CALADOS
Não escreverei poemas , nem contos de fada
Vão-se todas as chances de grande escritora.
Pois nunca fui poetisa, sempre uma mulher sonhadora
Parei na sílaba de um verso a aquecer-me
Pois tudo nele é verbo e vida - a história
Tudo respinga calma, nesta falta
de quase corpo, menos que alma
Nem poderei perder-me.
Já não sonho, não há novelas,
Nesse olhar de não ver tudo se inscreve,
Sem contornos, em sombra
e sono te dilui no que, de ti,
nunca saberia a poesia
E escreverei como se na vinha
o sol iluminasse o cinza da caligrafia.
E fosse breve qualquer sofrer.