Os meus filhos e a minha solidão
O vento bate em meu rosto,
somente seu “amor” ainda não me faltou.
Tenho tudo, sinto-me feliz,
no entanto, tanto me falta!
Não tem importância,
são bobagens e coisas desse tipo.
Sinto-me muito sozinha.
Essa casa é grande demais para meus passos,
parece-me que tudo está bem
mas está longe demais.
Estou bem, estou feliz...
no entanto lembro-me dos amigos,
que estão perto ou longe demais,
mas que não posso abraçar,
trazê-los pra morar aqui comigo.
Se ao menos eu tivesse uma criança,
toda minha e tão minha,
que fosse filha e que fosse alma
para essa casa tão serena,
e tão vazia.
Ah, meus filhos, quando irei tê-los?
... queria tê-los agora aqui por perto,
queria até mesmo uma casinha pequena,
um jardim de rosas,
e meu amor pra me dar carinho,
coisas simples, vidas humildes...
Até mesmo eu sonho com coisas assim.
Reflexos da minha rotina,
meu sono é tanto que ouço vozes...
meus filhos chamando,
“mamãe”...
e vejo imagens opacas,
meu amor cuidando de mim,
enquanto durmo...
A casa cheia, toda a minha família,
muitos, todos, os meus amigos
morando aqui.
Muitas pessoas, animais e plantas,
meu gato, minhas coisas,
e um pouco de tranquilidade.
Poetas, não me julguem por falsa,
tudo o que digo é sincero...
não sei se inconsciente,
não sei se por sono
ou por loucura,
minha solidão continua em paz,
eu já me acostumei às vozes,
o corredor ecoa os sussurros,
alguém deveria estar me chamando agora,
talvez meus filhos,
talvez a parte de mim ainda acordada,
a noite fecha-se sobre minha janela,
nem mesmo ele poderá mudar...
O que ficou sem se resolver,
então fique e me deixe dormir,
amanhã, talvez, meus filhos...
talvez eles possam nascer