A poesia perfeita
É! Um dia, sem perceber, ele apareceu...
Com certeza, eu não esperava...
Não sei bem quando tudo começou,
acho que nunca vou saber.
Mas ele veio, instalou-se no meu inconsciente
e, não sei como, fez nascer-se em mim
com a força de uma ventania.
Quando percebi sua real presença, já era tarde...
ainda bem!
Hesitei muito em dizer que o amava,
parecia mentira, parecia insignificante...
Não era... eu o amava realmente.
Só tive a certeza disso quando ele disse...
disse mais com a sinceridade que com as palavras...
ele me amava...
Eu sei disso... muito bem...
Há muito do que falar sobre nós dois,
por isso prefiro nada dizer.
Meu pensamento apressa-se em me fazer
lembrar de muitas coisas boas... tudo foi feliz.
Neste instante o pôr-do-sol tinge-se
do mais vivo rosa com roxo...
um grande espetáculo, sem dúvida;
um perfeito cenário para o desfecho
dessa história.
Como poeta que sou, não poderia
terminar tudo sem uma poesia;
escrevo com uma caneta simples,
versos brancos e sem mistérios...
Mas o fato é que fomos felizes...
sim, fomos perfeitos,
vivemos tudo o que queríamos viver,
nenhum momento foi inútil.
Talvez, por isso, eu prefira terminar tudo...
antes que a traça da vingança corroa tudo
o que construímos e que vivemos juntos.
Agora estou vendo a lua cheia,
hoje tão perfeita quanto certa vez,
um dia que disse que ia ser feliz...
com ele.
Tudo bem... não estou triste,
a lua cheia somente me traz boas notícias...
ela é tão perfeita... e o dia nem acabou!
Mas estarei mentindo se disser que não dói,
porque aqui por dentro caminha uma saudade
tão profunda que não consigo falar.
E nós fizemos muitas coisas juntos,
sonhamos, planejamos, realizamos sonhos,
ajudamos pessoas, aprendemos muito,
e fomos sempre muito sinceros,
felizes e amigos...
e um dia fechou-se o tempo,
ele foi embora,
eu chorei,
e quando começaram as hostilidades,
antes que nosso amor morra,
eu termino meu poema,
fechando os olhos e sonhando com o nada.