Ociosidade da Alma
Vida minha
Leva os meus pensamentos para a liberdade
Dos vôos rasantes sobre as ondas de cristais
Me deixa mergulhar nu sem cobertura alguma
Nas profundezas d’alma em busca do eu menino
Perdido nos devaneios, nos sonhos de brinquedos
Leva-me de arrasto cama afora para os campos
Cultivados dos milharais cacheados em espigas d’ouro
Liberta-me dos passos marcados, das horas cerradas
Que em marchas lentas seguem a rotina dos dias e
Confessam-se encolhidas no divã,
Como reféns da ociosidade da alma.
Minhas carências
São marcas que ficam na pele queimada,
Deixam feridas abertas, sulcos pela face
Vazios preenchidos pelo nada
Que muitas vezes é tudo o que sobra
Subo aos pensamentos das auras sacerdotais
Beijo o mesmo chão que mancho como o meu suor
Abraço um mundo indiferente, sem emoção aparente
Para ele tanto faz.
Se eu vencerei ou perderei.
Não deixará de cobrar um quinhão sequer.
E me descubro indiferente com ele também
Se nada sou, ele também nada é
Apenas um simples calendário da morte.
Um simples sopro meu que não levanta poeira,
Voltará ao pó. E se confundirá com ele.
Mas ali eu estarei. Até que seja o elo de uma nova emoção
Entre o mundo que deseja a vida e a vida que deseja o mundo.