Ociosidade da Alma

Vida minha

Leva os meus pensamentos para a liberdade

Dos vôos rasantes sobre as ondas de cristais

Me deixa mergulhar nu sem cobertura alguma

Nas profundezas d’alma em busca do eu menino

Perdido nos devaneios, nos sonhos de brinquedos

Leva-me de arrasto cama afora para os campos

Cultivados dos milharais cacheados em espigas d’ouro

Liberta-me dos passos marcados, das horas cerradas

Que em marchas lentas seguem a rotina dos dias e

Confessam-se encolhidas no divã,

Como reféns da ociosidade da alma.

Minhas carências

São marcas que ficam na pele queimada,

Deixam feridas abertas, sulcos pela face

Vazios preenchidos pelo nada

Que muitas vezes é tudo o que sobra

Subo aos pensamentos das auras sacerdotais

Beijo o mesmo chão que mancho como o meu suor

Abraço um mundo indiferente, sem emoção aparente

Para ele tanto faz.

Se eu vencerei ou perderei.

Não deixará de cobrar um quinhão sequer.

E me descubro indiferente com ele também

Se nada sou, ele também nada é

Apenas um simples calendário da morte.

Um simples sopro meu que não levanta poeira,

Voltará ao pó. E se confundirá com ele.

Mas ali eu estarei. Até que seja o elo de uma nova emoção

Entre o mundo que deseja a vida e a vida que deseja o mundo.

Robertson
Enviado por Robertson em 15/02/2011
Código do texto: T2792986