Cárcere do Ser
Perante este abismo da existência
de simplesmente ser,
Por poder ser,
Por haver ser!
Tudo quanto se empequena!
Aquilo que faz que haja ser
que subsiste através de todas as formas,
De todas as vidas, abstratas ou incertas,
Eternas ou breves,
Verdadeiras ou falsas!
Quando se abrangeu tudo, ainda ficou fora,
por que há qualquer coisa!
Que me esmago de ultratranscendente,
deste perigo do ultra-ser,
e sendo, não se pode fugir!
Cárcere do Ser, não há libertação de ti?
A incerteza da sorte,
Sorridente de todos os males,
Inconsciente o mistério das coisas e de todos os gestos
nestes impulsos em concretos reflexos
E eu escrevo, estou escrevendo,
por uma necessidade sem nada.
Tudo é inconsciência, e assim desaba
porque existir é ser possível haver ser,
Sombra sejamos, ou sejamos luz, qualquer querer
O não se sabe que existe, já é por si ser!