ROSA PERFUMADA
Seguro a vida por desespero.
Já que não há ninguém a me olhar
que num toque suave acaricie a minh'alma
e verta sentido em própria palma
curiosa apenas de saber se gozo
o voar das cinzas quando o vento se espalha
como se fosse fácil ter prazer no que não se vê
Nestes metais de mim...invisíveis aos sorrisos
numa aparente verdade que oculta a tristeza
Viver é isto, quando se é só vida.
Também é pó cada palavra escrita
Por minha mão ou o verbo pronunciado
Pela boca. A noite é infinita
E o tempo é cada solitário instante.
Sou o que, apesar de tão ilustres modos
De errar, não decifrou o labirinto
Singular e plural, árduo e distinto,
Num breve tudo, ser da mágoa pesa-me
Que ainda sendo mágoa, é vida.
Quem outrem fui, não me conheço
aquela alma que nem sentir lembro
qualquer coisa vista ou tateada por dentro.