ROSA PERFUMADA


Seguro a vida por desespero.
Já que não há ninguém a me olhar
que num toque suave acaricie a minh'alma
e verta sentido em própria palma
curiosa apenas de saber se gozo
o voar das cinzas quando o vento se espalha
como se fosse fácil ter prazer no que não se vê

Nestes metais de mim...invisíveis aos sorrisos
numa aparente verdade que oculta a tristeza
Viver é isto, quando se é só vida.
Também é pó cada palavra escrita
Por minha mão ou o verbo pronunciado
Pela boca. A noite é infinita
E o tempo é cada solitário instante.

Sou o que, apesar de tão ilustres modos
De errar, não decifrou o labirinto
Singular e plural, árduo e distinto,
Num breve tudo, ser da mágoa pesa-me
Que ainda sendo mágoa, é vida.

Quem outrem fui, não me conheço
aquela alma que nem sentir lembro
qualquer coisa vista ou tateada por dentro.


Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 14/02/2011
Código do texto: T2792421
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