O Paradoxo da Individualidade.
Num caixote que abri
e que suavemente rangeu
com apenas um toque
fraco, furtivo, sem porte…
diminuto (entre os dedos) meu,
encontrei um fantoche
que o deboche auto-irônico a tempos perdeu.
improvisei o sapateado…
Ele alegre dançou e entreteu!
Cantei aos de fora…
Ele igualmente cantou... e com canto próprio, canto seu!
Em moedas de prata furtei uns trocados…
O boneco falante também ufanou o que o bolso perdeu!
Escarneci de outros bonecos
caçoei dos seus trejeitos…
e de tudo, a despeito
(sem vida, calado…) do feito
num gracejo cretino
o boneco franzino zombou com sarcasmo dos seus.
Tens vida? Disse eu!
Duvidas?
Da vida? Quem sabe?Talvez…
O fantoche fizera apenas quimeras
que o dono da peça alegre antes fez.
Novamente pensei!
O fantoche era alguém
que o medo bem cedo na teia das eras teceu
escondido em caixotes menores e aquéns
num pesar lancinante de grito indiscreto!
Encarte que o tempo esqueceu em desdém…
O fantoche sou eu!
Sou eu.
Talhado em partes, perdido em recortes…
O fantoche sou eu e o dono também!