Quando

Nasci numa casa destas

e, hoje, o que me restam

são as lembranças dos quandos.

De quando olhava o jardim,

de quando plantava os lírios,

de quando regava as plantas,

de quando fazia os buracos na terra,

de quando enfiava semente ali.

De quando me escondia no porão,

de quando corria pela cozinha,

de quando eu pegava vassoura

pra derrubar fruta no chão.

Nasci numa casa que me reaparece.

Que nela ‘inda tudo acontece.

Lembro-me de quando o meu quarto

era só pro meu sono,

de quando estudava na mesa da sala.

De quando embaixo da cama guardava

uma mala,

onde cabiam todos os meus sonhos.

Olho para a casa

que habitou a minha infância.

Hoje moram nela os quandos,

quando jamais terei ela de volta

quando como sendo velho,

quando eu penso

meu pensamento foge com ela.

'Inda me lembro um pouco

quando o tempo chove.

Quando chega à madrugada a insônia

é quando a casa não dorme.

Tudo que nela se move

é tão pouco que aparece.

Mas ainda não fiquei louco,

quando tudo dela se esquece.

Paulo Henrique Frias
Enviado por Paulo Henrique Frias em 13/02/2011
Código do texto: T2790277
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