BRUXA, INFINITAMENTE BRUXA...

BRUXA, INFINITAMENTE BRUXA...

®Lílian Maial

Descobri-me bruxa menina,

Ao perceber-me mulher,

Ao desvendar os segredos todos,

O reconhecimento da fêmea.

Saber das curvas e sinuosidades do corpo,

Conhecer a memória ancestral.

Vi-me bruxa, ao deixar aflorar essa parceira silenciosa,

Apontando o caminho da sensibilidade,

Dos sentidos aguçados.

Percebi-me capaz de vivenciar as experiências,

explorar o corpo suavemente,

sentir cada dobra de pele,

deixar a água percorrer os montes e vales,

entender o prazer,

tomar posse do próprio prazer.

Sou mulher, feita de voltas, montes, circunferências,

Sou doçura e transcendência,

O caminho da profundidade.

Não me pertencem retas ou lanças,

Aprisionamento fálico ou fóbico,

rigidez, frieza e solidão.

Sou a que cuida,

A que cura e suporta,

A que restitui as curvas ao mundo.

Por isso sou bruxa.

Há que dançar e celebrar a colheita,

sentir o pulsar alegre que emana da terra,

cumprimentar as borboletas,

restabelecer a ligação com a Grande Mãe, a Natureza.

Sou bruxa sim,

parte de um maravilhoso sistema encantado,

sem medos ou angústias,

em compasso com todos os elementos.

Sou bruxa, porque me sei mulher.

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Minha homenagem a todas as bruxas, aquelas mulheres livres, inteligentes, politizadas, donas de sensualidade e conhecimento do corpo e da natureza, barbaramente perseguidas e torturadas pelas sociedades machistas, queimadas cruelmente apenas por ousarem ser o que são: mulheres!

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