EXERCÍCIO POÉTICO
O poeta enlouqueceu
O que teria sido
O verso tardio
Ou o verso perdido
O poeta rasgou a camisa
E dela fez uma vela
E a colocou no mastro da caravela
Depois gritou pelo mar
Não quero mais
Não, eu não quero mais velejar
Aproximou-se a gaivota
Aprumou o corpo
Apontou a rota
O poeta enlouquecido
Viu-se de almirante vestido
O seu brado virou gemido
Corria-lhe do peito o fel
Das mãos partiam feixes de luz
E ele gritava mais e mais
Valha-me, Senhor Jesus
O poeta endoideceu
E não tinha torre
Ismália a destruiu
Não havia lua
Havia apenas o eterno rugir marinho
E uma solidão de quebrar rochedos
***
Incomensurável é a minha alegria em incluir a esta página os versos de MARIAANGELA:
Onde as Ninfas, onde as Ninfas?!
Que elas apressem-se,
Que possam levar o nosso poeta ao porto seguro...
Lá onde a lua escondeu-se,
Lá onde se pode ouvir as estrelas cantando,
Lá onde pode se avistar os golfinhos festejando a vida,
Lá onde a aurora beija o mar...
Apressem-se Ninfas, apressem-se...