Pressentimento
Confessa-me a escrita
Flagrando-te em meus silêncios
Lendo-me a palma das mãos
À volta das coisas inanimadas
Refugia-se os passos da saudade
Em mim, a vertigem, o alvoroço
De todas as palavras que não sei
Buscando apaziguar a tua falta
As mãos espalmam-se no horizonte
Nenhuma hesitação ao que se deseja
Mas é inútil o murmúrio à distância
E todos os vocábulos que se erguem
Pudesse a voz de todas as letras
Aquietar o silêncio da tua ausência
Repouso docemente a saudade
Pronunciando-te em meu olhar
De súbito apenas a evidência:
Tu és em meu mundo
Palavra que não se escreverá
Fernanda Guimarães
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