Papel em branco
Papel em branco estava pronto.
O nada esperando o pensamento,
algum sentimento.
Mas o que registrar?
Papel falante ao ouvido, murmura
pensamentos, palavras, redige
provações do coração.
Papel em branco, ávido papel pensante,
ao registrar íntimas, errantes declarações.
Estava pronto ao se tornar escritor,
permanentes vivências,
mudo cúmplice de atos ousados,
confessados ao sacerdote pagão.
Papel em branco maculado
em letras uniformes, transparentes,
íntimos pensamentos dentro do homem.
Que através dele surjam mensagens
não lidas em pensamentos,
não ditas em palavras, somente sentidas
carências do homem, seu íntimo retrato.
Do livro “Reflexeções, um breve instante no tempo” pág. 17