Sou eu
O vento que corre, sem destino,
o edifício que implodiram
a larva que virou borboleta
a nuvem preta da odiosa poluição
a maçã que ontem caiu no chão
a chave que abre a porta do infinito
a navalha com que faço a barba
o vaga-lume da tua consciência
o tóxico que muitos ingerem
o anzol que fisga o peixe
o sol que se põe todos os dias
a luz que clareia a tua vida
o enigma do imenso cosmos
o profeta do apocalipse
o cuspe da naja traiçoeira
o tiro do canhão ensurdecedor
o freio do carro veloz
o trilho que conduz o trem
o gume da faca afiada
a ponte sobre o rio profundo
o aborto
o crucifixo do teu pescoço
o diário que tu escreves
o filósofo que não pensa
o passado e o futuro
o ninguém de todas as pessoas
o além da morte
o caos brindado ao seu breu.