NEM VERSO NEM PROSA

N E M V E R S O N E M P R O S A

Tentei escrever alguma coisa

Faltou assunto na minha prosa

Não quis rimar banalidades

Acabou saindo um pedaço de poesia

Na ponta de tungstênio tenho placidez

Não há tremura, busco firmeza na mão

Ideogramas se deslocam suavemente

Parecem saber antecipadamente o tema

Percorrem o papel numa total avidez

Infelizmente não sei burilar

Podia simplesmente rabiscar versos

Não sou poeta nem trovador

Uso a caneta para expressar idéias

Dado o respeito pela língua escrita

Não posso rabiscar garatujas simplesmente

No mínimo tenho que ter bom senso

De mais a mais é fácil juntar as letras

E se quiser, é simples trocar as palavras

Porém o delicado é interpretar os gestos

É impossível ler os pensamentos

Como também é vulgar falar lorotas

Contudo o triste é aceitar as traições

Os invejosos interpelam:

Quem me dera ter calma e afeição

Procurei dar uma medida exata entre as estrofes

Mas saíram como enchentes desenfreadas

Correndo mornas no leito pedregoso do riacho

Que batem e salta rochedos e escarpas

Assim aos tropeções vão os meus dizeres

Não são versos nem prosa

São corriqueiros...

Dizem lugares comuns

E mostram repetições e sinônimos

(maio/1983)

Aleixenko
Enviado por Aleixenko em 08/02/2011
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