Longe
Eu vim de longe
andando pela cidade suja e vazia. Vim
de longe longe, lá pelas bandas do horizonte
onde o céu toca na terra, no mar,
na moça bonita a suspirar.
Vim vazio, oco,
a não ser pelo desgosto.
Vi as fábricas e sua chaminés
que baforavam paixão e fuligem preta.
Longe longe não havia nada. E hoje
há apenas a saudade que eu sinto de longe
e que longe não sente de mim.
Antes longe só havia a moça bonita
(que agora não há mais).
Hoje na cidade suja e vazia existe eu
que venho oco e trago amor.
Trago amor e me engasgo.