Certa manhã de terça-feira
Após solitários anos sem ao menos a caneta tocar,
deparei-me numa manhã cedinho, diante de um dia
ainda por amanhecer, a brisa ainda pairava,
sem querer se despedir da lua, para deixar o por do sol entrar.
Vim aqui amar, fazer o que gosto, sentir o êxtase que sinto
ao fazer certos relatos, de velhos passados, lembranças tediantes,
dessa memória que por mais velha, não tem falhas...
Perguntei para a mesma, por que só lhe cabia escrever a tal, passadas lembranças?
E por que a borracha da vida não encarregava-se de levá-las?
O amor respondeu e a solidão gritou.
Toquei uns acordes, porém por mais delicados que os fossem,
meus dedos não conseguiam mais dedilhar com a mesma sutileza
de quando pensei viver um romance.
Logo bateu-me um arrepio das coisas que são como são.
Um medo bateu m'ha alma.
Uma estrada de buracos no coração.
Uma catástrofe de lágrimas.
Um absurdo medo de perder.
Um estranho jeito de amar
Por mais velho que fosse aquele amor,
por que somente ele haveria pertencido ao meu ser?
Por que olhei para trás e chorei?
Por que o mais doce sorriso, só aquele amor me arrancava?
Por que nunca mais a felicidade bateu-me?
Talvez porque nunca tive tal amor,
que pensava m'ha frágil e velha memória ter tido.