Desejos Contemporâneos

Anseio por uma coragem de Drummond

Não por madrugadas desvairadas

A solidão cumprimentou-me de manhãzinha

Com um aceno tímido, em vão

Quero uma pena de Shakespeare

Nas cenas quero pintar meus olhos

Cansados de ver os dias cinzas

De sentir-se em um sonho desfalecido

A janela não abre, e não vejo o meu vizinho

As chaves são modernas demais

Seguro a maçaneta e giro – a

(não preciso de mãos, nem de mente)

As crianças não quebram vidraças

Ciranda, não pode mais cantar

Guardam respeitos intímos, caídos dos bolsos

E não dormem mais, e ninguém mais dorme

As cortinas não abrem, não quero que vejam-me

Que deem as mãos, ou que eu os guie

Cortaram minhas asas, arrancaram minha calma

E os pés e mãos foram atados para não sair

RAQUEL CORDEIRO
Enviado por RAQUEL CORDEIRO em 07/02/2011
Reeditado em 30/04/2022
Código do texto: T2778488
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