Desejos Contemporâneos
Anseio por uma coragem de Drummond
Não por madrugadas desvairadas
A solidão cumprimentou-me de manhãzinha
Com um aceno tímido, em vão
Quero uma pena de Shakespeare
Nas cenas quero pintar meus olhos
Cansados de ver os dias cinzas
De sentir-se em um sonho desfalecido
A janela não abre, e não vejo o meu vizinho
As chaves são modernas demais
Seguro a maçaneta e giro – a
(não preciso de mãos, nem de mente)
As crianças não quebram vidraças
Ciranda, não pode mais cantar
Guardam respeitos intímos, caídos dos bolsos
E não dormem mais, e ninguém mais dorme
As cortinas não abrem, não quero que vejam-me
Que deem as mãos, ou que eu os guie
Cortaram minhas asas, arrancaram minha calma
E os pés e mãos foram atados para não sair