Um Dia na Lida

E madrugada

A sábia cantou

Estamos de pé,

O corpo dolorido

Das noites mal dormidas

Fatigada pela lida.

Calça rasgada

Camisa suada

Chapéu de palha

Marmita na mão,

Mais um dia

Nas ruas de café.

A lamina afiada

Toca o solo

Como mãos

Que acariciam a face,

E faz tombar

A erva daninha.

É meio dia...

Na sombra da tamarindo

A "bóiafria"

Reforço até o fim do dia,

Enxada limada

Recomeça a jornada.

Nas saias do café

Escondia o perigo...

Avisado pelo chocalho

A cascavel solitária

Da o bote certeiro

Na perna do capineiro.

Subitamente a lamina

Decepa a cabeça

Daquela peçonhenta,

A experiência da vida

Driblaram a cilada

Da cascavel solitária.

Recomeça a lida

O tempo perdido

Mas a lamina cansada

Debruça sobre o solo,

Já não produz

Como de madrugada.

O horizonte absorve o sol

Um consolo...

Fim de um dia,

O corpo travado

Um banho gelado

Repouso na cama.