CABELOS PRATEADOS
Seus cabelos prateados
Com tantas histórias a contar,
Começam a viver do passado
E um dia não poderei mais tocar.
São cabelos brancos e já poucos,
Que um dia encantaram,
Deverão deixar-me louco
E não poderei mais neles me enroscar.
Cada dia a mais nos é um dia a menos,
Entretanto vamos mais fundo na vida,
Porque se morrer não queremos,
Não queremos apenas existir sem que se viva.
E um dia quando não mais estiveres aqui,
E eu com meus cabelos já a pratear,
Lembrarei de você e começarei a sorrir,
Porque pude em minha existência podê-la amar.
Seus 65 anos muito me aconselham,
Seus lábios cansados tentam me falar:
Para a morte corre o homem,
Como um rio corre para o mar.
Com mãos trêmulas e olhar distante,
Escrevo este poema e na garganta desce um nó,
Pois a qualquer instante
Não posso mais tê-la, minha amada avó.