SEGUNDA-FEIRA DE CINZAS
Levantei, liguei a televisão
No que vi, não quis mais acordar
Mas o dever a me chamar
E o cheiro do café com leite e pão
Vi sonhos virarem fumaça
O fim da estrada por onde a fantasia passa
Fiquei sem graça, lembrei todo o colorido
Transformando-se em cinza, choro, gemido
E eu, Portelense esperançoso na vitória iminente
Mas que estou solidário à Grande Rio, briosa concorrente
E à União da Ilha, seu desfile sempre reluzente
E às lágrimas de quem trabalha todo o ano, impunemente
Segunda de carnaval, dia de grandes desfiles para maravilhar
Segunda tão normal, mas que roubou da quarta-feira
O adjetivo " de cinzas" , mesmo antes de começar a brincadeira
Viu-se que sonho bom é curto, mas não antes de começar
RAPHAEL SOARES BARBOSA