CONFISSÃO INTIMA


O meu destino apareceu-me na alma como um precipício.
Na idéia tão confortável de hoje ainda não ser amanhã,
Nestes faróis distantes... Incertezas da vida...
De luz subitamente tão acesa, em conseqüências aflitas
Viajei por mais terras do que aquelas em que toquei...
Não sei se sinto demais ou de menos, não sei ...!

Onde estais vós, que eu quero encontrar de qualquer maneira?
Mas tudo ou sobrou ou foi pouco - não sei qual - já sorri - já sofri.
E a vida dói quanto mais se goza e quanto mais se inventa.
Eu, que tantas vezes me sinto tão real como uma metáfora
Sou uma frase escrita por um poeta louco - sem meios ou fim - completamente inacabada.

E a vida pesa de repente e faz muito frio - gélidos jardins que observo. E ando ao lado da vida, sem ela saber - sigo-a sem me mexer...Viajei pela mão dela sempre, e todos os dias têm essa janela por diante... na cegueira que me impede do bastante...essa qualquer coisa ofuscante.

E ao mesmo tempo ... não estar parado nem a andar, sem saber o que procurar...por onde começar...
Como bandeiras incertas desfolhadas para além de onde as cores são visíveis ...
Em que os muros são frescos - num sol branco - minha visão estrilada - O chão no ar .

De certo que nada sei - mas me lancei sobre o precipício de encontro ao mar...
E pra meu espanto - tudo que temi - não houve encontro
Banhei-me no horizonte azul e branco - nos sóis de acalanto
Olhei a volta - eram só versos e prosas - a outrora - e tudo o mais ficou de fora...

E embriagada por entre os sentidos - sentimentos - a minha essência...vasculhei toda a minha existência - e encontrei perdida a minha história...num amor que não tem fim.


Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 07/02/2011
Reeditado em 07/02/2011
Código do texto: T2776668
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