Alma vadia

Na escrivaninha do poeta

Há sempre uma gaveta

Com folhas velhas, amassadas

São rascunhos que ele enjeita

Palavras que ele vomita

Por vezes são obras de arte

O poeta não se enxerga

É rude como uma pedra

Escarnece da própria escrita

Já nem em si acredita

É turrão como o asfalto

Na alma guarda a saudade

É actor sem ter idade

Cobre-se dessa vaidade

De fazer da sua vida

Só escrever e vadiar

Fana
Enviado por Fana em 06/02/2011
Código do texto: T2776183
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