A Rua Escura (parte II)

E agora você está aqui,

já não me pergunto mais nada...

Porque o seu beijo, agora, me cala,

e somente a poesia fala,

e só a lua continua acordada...

não há passos,

não há vultos,

não há dia nem há noite...

já não conheço as estrelas...

tudo, agora, começa a ser bom pra mim,

e somente a lua cheia vive por nós,

a noite imensa e livre,

o sonho imenso sonhado em busca de liberdade.

Aqui estou eu,

chamando seus olhos aos meus,

chamando seus beijos para apunhalar

tantas palavras minhas, e tão minhas...

E nem somente o vento saberá contar

como é a essência dos nossos beijos,

porque não se pode dar a alma,

apenas tentar mostrar um pouco dela.

Nada será mesmo verdadeiro,

somente quero continuar te olhando,

e sonhando nos seus olhos

não adormecer nunca mais,

olhando a lua cheia que surge do nada,

e o nada tão infinito

para diante do nosso amor...

que continua não sendo amor...

aquela velha história.

Só o que continua é a inconsciência,

somente quero estar com você,

tão sempre e para sempre,

até que nem o nada nos separe

dos nossos sonhos mais pequenos

e das nossas rotinas mais loucas.

Sou mesmo poeta...

não nasci para isto,

não nasci por isto,

apenas nasci;

talvez você tenha nascido só para

um dia ser para mim.

Mas talvez é muito sóbrio,

e a dependência é a maior prisão,

a chantagem é uma falta de...

não sei... de tudo, talvez...

Somente sentirei sua pele,

somente sentirei sua boca,

somente sentirei seus olhos

me dizerem tudo aquilo que eu quero,

quero tanto te dizer.

Agora já é noite,

não temos mais tantas luas,

mas mesmo sem o vento

continuarei somente te olhando,

somente em seu beijo

eu paro minha poesia,

um céu sem estrelas...