A Rua Escura (parte I)

Estou sentindo muita falta

do seu beijo...

É a primeira vez que me deixei derrotar,

agora eu vou dizer a verdade,

estou com muita saudade.

Amanhã ainda é quarta-feira;

o que é que eu vou fazer?

Estou andando sem rumo

dentro da minha própria intolerância;

quase tento te odiar

e não consigo;

quase trago você comigo...

Você está tão longe.

Tão longe em seus pensamentos,

que não consigo alcançar,

nem você, nem a essência.

Só quero uma resposta,

talvez melhor seja não querer,

talvez tudo muda sem saber...

por que...

se tantas imagens começam

a não dizer nada,

talvez o silêncio seja a dor menos profunda,

talvez o escuro seja a imagem mais completa,

e talvez é a palavra mais ordinária,

e mais fingida, e mais cínica.

Você ainda se lembra?

Não importa qual seja a sua lembrança,

o que importa é que ela traga você de volta

desse lugar onde vaga seu pensamento.

Não quero começar de novo,

porque começar de novo seria errar de novo,

só quero ficar em paz e

encontrar entre nós dois, agora,

a primeira coisa que falta...

começar de novo é um apego desordenado

às coisas más que se puseram a acontecer...

somente quero ver em você, agora,

a face limpa do amor que não é amor,

na verdade,

mas algo que não se importa em ter nome;

somente quero sentir você comigo,

bem perto,

mas não quero sentir o que passou,

porque também houveram momentos maus,

e isso não é bom pra nós dois...

Você está tão longe...

pela primeira vez te procurei sem resposta;

será que é esse mesmo o caminho?

Estou sentindo, de verdade, muita falta de você;

se estou perdida no vento,

o que posso fazer?

Pelo menos estou no vento,

que é minha essência...

mas, e você...

não sei o que posso dizer,

é tudo tão estranho,

um eclipse...