O TREM
Perguntas que choro é esse
Que faço eu na escuridão
Por que não saio da chuva
Não ando com o povo
Não faço rodeios
Não rio de novo
Não mais caibo na luva
Que antes vivia na mão
Perguntas por que não converso
O que faço ao Sol
Não desvendo a miragem
Não me faço de cego
Não finjo não ver
Silencio, não nego
Não sigo a viagem
Por que vivo tão só
Perguntas o que trago na mala
Mas ignoras o coração
Se "é de ouro ou de prata?"
"Qual é teu emprego?"
"Qual sobrenome?"
Não me trazes sossego
Minha alma, maltratas
Nem vês meu violão
Respondo que a viagem é pra já
É só o trem queimando lenha
Estacionado na estação
É o trem fazendo força
Pra deixar pra trás a mão
Que o segura sem firmeza
Massageia sua tristeza
E só demonstra indecisão
É só o trem...