MARÉ CHEIA
A juventude está suspensa,
na fugidia voz da água entre
o verde prado de um corpo estendido,
É maré cheia, amor...
Procuro-te: fruto, nuvem ou música.
nas coisas simples que quero que cheguem
nestas diferenças que existem
mas não quando se ama,
quando temos no peito
uma flor ávida de orvalho e dança.
Tenho dentes para roer a solidão
enquanto de azul pinta o céu, o verão
transbordando calor e chuva na estação
enquanto o mar é espelho das estrelas
Porém eu procuro-te.
no ar onde a respiração é doce,
numa ternura súbita
de olhos com o sol por nascer
nesta fúria de quem deseja viver
Há cabelos, dedos, sal e a longa pele,
onde se escondem a tua vida;
e é com mãos solenes, fugitivas,
que te recolho vivo e me permito
o tempo em que as ondas se confundem
e nada é necessário ao mar que tenho.