VERSOS SOLTOS
Olhos imperfeitos de tantos jeitos
na perfeição que não se traduz
que de certo nem existe, mas induz
qualquer ar suspenso de enfeites caseiros
de sombras e rasgados avessos
Castanhos roucos de sentir translúcido
num verbo solto, um azul de vogais desorientadas
esculpindo desejos e verdades além das matrizes
em carbonos multicores de borboletas perdidas
entre passos certos e seus infindos deslizes
qualquer névoa vermelha de asas felizes
Não há coerência na poesia induzida
não há complexos na estátua fria
Qualquer olhar espelha o que se quer mostrar
que são verdades, se mentiras não há?
gélidos lençóis de palavras rodopiantes
eis que não há mistério tripidante
há somente qualquer calar
que somente o coração pode transbordar
Qualquer frase dita
é vazio de poeira infinita,
talvez extinta na própria tinta.