VERSOS SOLTOS

Olhos imperfeitos de tantos jeitos
na perfeição que não se traduz
que de certo nem existe, mas induz
qualquer ar suspenso de enfeites caseiros
de sombras e rasgados avessos

Castanhos roucos de sentir translúcido
num verbo solto, um azul de vogais desorientadas
esculpindo desejos e verdades além das matrizes
em carbonos multicores de borboletas perdidas
entre passos certos e seus infindos deslizes
qualquer névoa vermelha de asas felizes

Não há coerência na poesia induzida
não há complexos na estátua fria
Qualquer olhar espelha o que se quer mostrar
que são verdades, se mentiras não há?
gélidos lençóis de palavras rodopiantes
eis que não há mistério tripidante
há somente qualquer calar
que somente o coração pode transbordar

Qualquer frase dita
é vazio de poeira infinita,
talvez extinta na própria tinta.






Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 05/02/2011
Código do texto: T2774406
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