A Solidão de Teus Olhos

Atávico e nervoso reviro minha fé nos restos de teu amor

No hálito de tua boca e nos ritos de tua beleza recosto minhas faces à espera de um afago, um único e solitário gesto.

Suplico uma terna afeição, ou até mesmo um olhar caridoso que me acalme os nervos tensos e austeros com os quais golpeio convulsos os desejos úmidos e lascivos de minha carne...

A ignorância que ataca meus sentimentos não permite vasculhar os oratórios de tua alma; as naves que contemplam teus sentidos.

Sentir o aroma dos incensos embebidos no suor de tuas virilhas

Provar a pele tenra e rosa e macia que esconde teus prazeres e teus gozos

Imerso no frio da solidão de teus olhos vago sem norte, guiado pelas mentiras de teu verbo.

No ímpeto de minha cólera vociferei palavras banhadas em lágrimas e fel

Na frieza úmida da noite baixei os olhos para meu ódio perpétuo; ergui-os a você e então erigistes a minha frente em uma tétrica e pálida vertigem de mármore.

Entoei cantos com a virtude e beleza das tempestades que explodem em seu ventre fértil

O corpo entregue as palmas de tuas mãos, sem feridas, sem pus, sem culpas...

Entoei verbos de regozijo a teus sentidos em notas mudas e timbres dissonantes

Ajoelhei-me aos pés de teu altar erigido em prantos e enjeitado pelo egoísmo da tua carne...

Definhei meus desejos a espera de seus encantos que nunca me encontrarão