Inquietude

Inquietude

Quando aninha cá dentro

Uma saudade de não sei o que

Uma inquietude danada

Dessas de doer as entranhas

Misturando os sentimentos

Buscando uma estranha razão.

Mas quem disse que eu procuro razão?

Quero mesmo é divagar

Entre sonhos e pesadelos

Entre o real e o abstrato

Correr como corre o rio

Com sua língua desvairada

Lambendo pedras e ribanceiras

E sem culpa cuspir no mar.

Mas quem disse que eu procuro o mar?

Quero mesmo é olhar as estrelas

Pegar uma a uma na palma da mão

Fazer delas um banquete especial

Para o meu pobre andarilho

Que busca mais... Muito mais

Do que água e pão.

Mas quem disse que eu quero pão?

Quero mesmo é cavalgar por montanhas infindas

Atrás do meu ouro em potes

Que herdei de Ali Babá

Libertar-me da antiga túnica

E vestir meus sete véus

Engasgar-me com o que restou do vinho

E ser expulsa dos céus.

Mas quem disse que eu não quero os céus?

Perpétua Amorim
Enviado por Perpétua Amorim em 30/10/2006
Código do texto: T277307