Feitiço
Parei na porta, não me aventurei a entrar.
Não havia lugares vazios,
pois aquela ausência
ocupava espaços demais.
Não me coube nem um minuto.
O passado preenchia os cômodos daquela vida,
que sem saída,
decretava a sua própria falência.
Sonegou a emoção em sua vivência,
evitando qualquer risco,
botando nos olhos um cisco
e dando o nome de compromisso.
Apesar dos vazios escapando pela janelas
feito névoa embaçando algumas telas,
era cativo, prisioneiro de algum feitiço...
"Por tudo que o céu revela !
Por tudo que a terra dá
Eu te juro que minh'alma
De tua alma escrava está !!..
Guarda contigo este emblema
Da flor do maracujá !
Não se enojem teus ouvidos
De tantas rimas em - a -
Mas ouve meus juramentos,
Meus cantos ouve, sinhá!
Te peço pelos mistérios
Da flor do maracujá!"
(Fagundes Varela)