A Carona da Ilusão

Sei que a vida não me põe aos teus pés

e mais sei que não duvido dela nem do que és.

Meu ritmo esquenta e metaforicamente

transbordo copo que surja à minha frente.

Sei do devaneio que ocupa a minha mente,

do que é perecível e do incrível que te aguente.

Não me sustento em teus cadafalsos felizes

onde morrem certezas e equilíbrios,

há de me ver pendurado, mas sóbrio em teus desvarios.

Sei que acordo um dia desses sentado no meio fio

e que a mais abjeta pessoa eu seria para tu rires.

Dos tombos me erguerei e terei asas para subir,

voarei pra ver de cima o mar com suas ondas te engolir.

Se tudo passa sei que tudo passa por cima de mim,

sou o chão, o cimento, o asfalto, enfim,

sou também o tapete onde solas limpam poeira,

esmagam migalhas e depositam sujeiras de ruas sem fins.

Mas recuo da beira e da besteira daquela terça-feira

que te conheci.

Prefiro lembrar-me do quanto a ilusão é passageira,

apenas carona do que vivi.

Paulo Henrique Frias
Enviado por Paulo Henrique Frias em 04/02/2011
Código do texto: T2772167
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