CEDO
E hoje... quem bate ou pretende bater,
Se os lírios, nem se abrem à brisa?
Em sono, profundo, sorvendo...
A seiva, ao canto do bem-te-vi.
É ainda madrugada, sem holofote da lua,
Minguante, vexada do sol ausente.
Ao fundo, o lago, prato de algas,
Porcelana líquida, pintada de estrelas,
Ondulado do vento, acorda.
O vaga-lume, ébrio do néon da noite,
Em ziguezague, busca a mata fechada,
E o céu, se rasga de azul,
Apagando os candeeiros de astros.
Sem rastros, se faz o dia...
Quem bate, que espere!
Estes olhos cansados, ouvidos atentos,
Nem ousam mover-se, antes que findo
O espetáculo do amanhecer.