O Fiel Arcanjo.

O meu medo não é o fracasso

Não é a desesperança, não é o desamor,

Nem, no entanto, este sonho encantador.

O meu medo é a descrença e esse regaço.

Quando Deus soprou a minha alma a terra,

Disse-me que eu seria seu conterrâneo,

Disse-me que aboliria a guerra

E que eu não seguiria caminho errôneo.

Então, resolvi obedecer suas diretrizes

Desse jeito, sepultando outras raízes

Que não fossem por ele mencionadas

E fecharia os acessos às estradas erradas.

Não degradei em mim o rancor

Ou algo que não fosse prova de amor.

Não venho (aqui) na terra somente como passagem,

A ser apenas um mero personagem

Que surge de repente e já cai em esquecimento,

Esforço-me a não ser meros momentos.

Não venho fazer a minha própria riqueza

Como também, não cobiçarei as alheias

Serei um conformista e com certeza,

Bondade há de correr em minhas veias.

Despertarei honrado ao amanhecer,

Agirei notoriamente ao entardecer

E dormirei tranqüilo ao anoitecer.

Não direi palavras momentâneas

Acerca de omitir o meu erro,

Pra me ver em glórias contemporâneas

E se assim for, será o meu enterro.

Hei de amar a minha vida mais do tudo,

À flor da minha pele e dento da minha alma;

Aforando num grito ou num berro mudo,

Pois amando é que se tem calma.

Não rangirei os dentes

Em repúdio aos doentes,

Sabendo-se que se hoje estou são

Amanhã pode me falhar o coração.

Hoje sou o fiel dos arcanjos

O mais forte de todos os anjos,

Por viver em plena fé em Deus,

Acatando ordens e seguindo os caminhos seus

Guapimirim, 09 de Janeiro de 1993.