VIGÍLIA

Vigília

(Ciducha)

Caiu como um raio,

estraçalhando o calhamaço de esperanças,

que cultivamos lentamente.

Não pude evitar...

a triste notícia que acaba de chegar.

Meu amor está morrendo!

Irá antes de mim,

assim...

simplesmente assim?

O que farei com tantos sonhos?

Com nossos projetos,

delineados com tanta ternura,

por nós dois... e depois?

Depois, o que será de mim?

Terei a saudade,

minha eterna companheira...

Mas é muita maldade,

dessa vida traiçoeira!

Eu que esperei tanto!

E quis tanto...

É tão pouco o que me sobra,

esse vazio imenso,

que me invade a alma,

sorrateiro...

sem direito a recurso?!

Insisto em orar...

e não importa se vai ou não, adiantar.

Senhor, eu imploro:

- Devolva-me, por favor,

esse que há tanto tempo é meu amor!

Devolva, Meu Deus!

Ainda que seja um pouquinho,

só um pouquinho mais...

Não deixe morrer, assim de repente,

a doce ilusão que tomou conta da gente!

Seríamos nós... só nós...

e o tempo que ainda tínhamos.

Por que mudou nossos planos,

Deus Meu?

Eu pedi tantas vezes...

será que se esqueceu?

Eu me nego à desesperança...

insisto em ficar,

nessa porta da vida, a esperar

que ele volte...

ainda uma vez!

Nem que seja,

uma única vez.

Santos,Julho de 2011

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