Esses tantos fevereiros
Levaram-me a juventude
Nunca a vontade dela
Nem a teimosia de vivê-la todo dia
Se me encarquilharam os sonhos
Não ousaram tocar na necessidade deles
Necessidade de renová-los e tentar vivê-los
Tudo por pura teimosia, só por teimosia
Que vivo contra minha vontade
Se fosse por minha vontade, viveria mais ainda
Tenho quarenta e nove infâncias
Que trouxe escondidas na algibeira
Um baú de sonhos, duas arcas de palavras
Um cofre de entesourar emoções e sentimentos
Tenho meus brinquedos de pensamentos
E num potinho guardo todos os sorrisos
E uma caixa de novos olhares
Os versos eu espalhei pelo horizonte
Para enfeitar as futuras paisagens
Meu corpo não escapa do tempo
Mas dentro dele é sempre hoje
Sempre o dia em que nasço
Sempre o agora em que renasço
E é do fundo do espelho
Do fundo dos olhos
Que o menino ainda se encanta
Como se tudo fosse a primeira vez
Circunspecto o retrospecto
Perpetro um olhar circunstante
Circunscrito ao instante adjacente
Dependente do modo de perceber
Um ano a mais, ou um a menos
A menos que não olhe tudo
O que ainda resta viver
Do real que é sempre subjacente
Do alto desses tantos fevereiros
Tempo de perder os sonhos
E de desacreditar as ilusões
Desacelerar as vontades
E aplacar as emoções
E de unir as metades
Tempo de aprender o tempo
E aprender do tempo
O que o tempo não faz
Num tempo sem fim
Agora entendo que não entendo
O que é ultrapassar os limites da esperança
Quanto mais se vive, mais se alcança
Hoje eu acordei mais velho
Mais pesado, mais cansado, mais vivido
Acordei mais indo do que vindo
Mais partido do que inteiro, repartido
Metade carrego aqui comigo
E metade se perde contigo
Vivo a vida tudo pela metade
Metade como agora
E metade guardo pra depois
Metade eu digo, metade eu penso
Metade eu sinto, metade eu quero
Metade sonho e metade realidade
Metade prosa, metade verso
E metade eu amo
Outra metade amo outra vez
E sonhei outro estranho sonho
Não sei quando era
No sonho não há tempo
Não sei onde era
O sonho não tem lugar
Não sei quem eu era
No sonho não sou ninguém
Entre a poesia e a filosofia de entendê-la
Prefiro me deixar atingir pelas palavras
Como chuva da qual não se foge ou se esconde
E um vendaval de pensamentos me leva sempre
Sempre para onde quiser me levar
Mais distante no espaço e no tempo
Esse dia não era para ser triste
Mas parece que sempre foi
Mas é tudo mentira essa tristeza
Só é o amor que dói um pouquinho
Na metade que carrego comigo
Ou na metade que se perde contigo
E o amor não escolhe hora nem lugar
O amor atravessa os fevereiros
E nunca carrega de mim a vontade dele
Levaram-me a juventude
Nunca a vontade dela
Nem a teimosia de vivê-la todo dia
Se me encarquilharam os sonhos
Não ousaram tocar na necessidade deles
Necessidade de renová-los e tentar vivê-los
Tudo por pura teimosia, só por teimosia
Que vivo contra minha vontade
Se fosse por minha vontade, viveria mais ainda
Tenho quarenta e nove infâncias
Que trouxe escondidas na algibeira
Um baú de sonhos, duas arcas de palavras
Um cofre de entesourar emoções e sentimentos
Tenho meus brinquedos de pensamentos
E num potinho guardo todos os sorrisos
E uma caixa de novos olhares
Os versos eu espalhei pelo horizonte
Para enfeitar as futuras paisagens
Meu corpo não escapa do tempo
Mas dentro dele é sempre hoje
Sempre o dia em que nasço
Sempre o agora em que renasço
E é do fundo do espelho
Do fundo dos olhos
Que o menino ainda se encanta
Como se tudo fosse a primeira vez
Circunspecto o retrospecto
Perpetro um olhar circunstante
Circunscrito ao instante adjacente
Dependente do modo de perceber
Um ano a mais, ou um a menos
A menos que não olhe tudo
O que ainda resta viver
Do real que é sempre subjacente
Do alto desses tantos fevereiros
Tempo de perder os sonhos
E de desacreditar as ilusões
Desacelerar as vontades
E aplacar as emoções
E de unir as metades
Tempo de aprender o tempo
E aprender do tempo
O que o tempo não faz
Num tempo sem fim
Agora entendo que não entendo
O que é ultrapassar os limites da esperança
Quanto mais se vive, mais se alcança
Hoje eu acordei mais velho
Mais pesado, mais cansado, mais vivido
Acordei mais indo do que vindo
Mais partido do que inteiro, repartido
Metade carrego aqui comigo
E metade se perde contigo
Vivo a vida tudo pela metade
Metade como agora
E metade guardo pra depois
Metade eu digo, metade eu penso
Metade eu sinto, metade eu quero
Metade sonho e metade realidade
Metade prosa, metade verso
E metade eu amo
Outra metade amo outra vez
E sonhei outro estranho sonho
Não sei quando era
No sonho não há tempo
Não sei onde era
O sonho não tem lugar
Não sei quem eu era
No sonho não sou ninguém
Entre a poesia e a filosofia de entendê-la
Prefiro me deixar atingir pelas palavras
Como chuva da qual não se foge ou se esconde
E um vendaval de pensamentos me leva sempre
Sempre para onde quiser me levar
Mais distante no espaço e no tempo
Esse dia não era para ser triste
Mas parece que sempre foi
Mas é tudo mentira essa tristeza
Só é o amor que dói um pouquinho
Na metade que carrego comigo
Ou na metade que se perde contigo
E o amor não escolhe hora nem lugar
O amor atravessa os fevereiros
E nunca carrega de mim a vontade dele