APENAS UMA CARTA

(cmgtpoeta@yahoo.com.br – Poeta Cypriano Maribondo – 01/02/2011

Que tem mais de trinta anos.

Sabe bem do que vou falar.

Para nós, não era apenas uma carta.

Era um mundo de emoções e noticias.

Que o Carteiro acabava de entregar.

Elas vinham cheias de sentimentos.

Alegrias, tristezas, dores, afetos e amores.

Quantos de nós, já ficamos esperando.

A carta chegar, cheios de temores.

Esperando com emoção todas as noticias.

Que uma carta especial ia nos dar.

Aquela carta esperada de um amor distante.

Com a grande noticia que ela vai voltar.

Ou a noticia triste e inesperada.

Com a afirmação que ela deixou de amar.

Eram cartas assim, cheias de emoção,

Trazendo notícias de um amigo, um parente,

Contando como foram os seus dias.

Com está a sua nova vida, a sua saúde.

Esta carta sempre era nossa alegria.

Acalmando aquele coração saudoso

Que ao ler, pula no peito, cheio de emoção.

Sente o perfume da pessoa amada,

Deixado no papel, acariciando, nos fazendo sonhar.

Sentir o calor da sua presença,

Naquela letra bem feita, revelando amor.

Às vezes com ódio, uma letra forte.

Denunciava, na distância, o seu mau humor.

Aquela letra tremida, que mostrava emoção.

Uma mancha de lagrimas no papel.

Denunciando a sua saudade.

Aquela letra torta, cansada, mal feita.

Denunciando seu estado de saúde.

Aquela sua doença que teima em esconder.

A carta manuscrita em papel era assim.

Falava e mostrava tudo de você.

Quantos amores nasceram destas cartas.

Quantos casamentos, quantas famílias nasceram.

Num compromisso de muito amor.

Que nada neste mundo conseguiu separar.

Quantas desilusões, tristezas, também chegaram.

Trazendo notificações judiciais, cobranças,

Terminando negócios, amores, casamentos,

Mudando muitas vidas, eram verdadeiros documentos.

Hoje, com o computador, esta emoção terminou.

Acabou a magia da abertura de uma carta de amor.

De ver o carteiro chegar, de receber a carta,

Apanhar o envelope, acariciar, sonhar.

Agora temos a frieza dos e-mails.

Sem cheiro, sem tremor das mãos, sem emoção.

Apenas um Crick e a informação já foi.

Assim, o mundo continua frio, rápido, cruel.

Que tirou toda emoção da comunicação.

Hoje, também sou adepto do Computador.

Mas ainda prefiro a emoção da carta de papel.

Manuscrita, carinhosamente por você.

Prefiro abrir o envelope de uma carta de amor.

E deixar o meu computador apenas.

Para escrever e levar até vocês minhas poesias.

Tentando vos dar uma emoção forte.

Enquanto faço um pedido ao amigo leitor.

Não deixe que se acabe a carta manuscrita de amor.

Leve esta emoção para onde você for.