Vontade contida
“Penteie-se para mim, donzela,
pois tu não és digna de expor-se ao natural.
A minha presença não é algo banal.
Faça o melhor para que não lhe corte a goela...”.
No íntimo dolorido a verdade não mudava:
A seringa de ódio continuava alojada nas entranhas,
Injetando espinhos de pedra dia pós dia...
Não há um Deus bondoso depois das montanhas...
“É apenas carne”, ele diz para si mesmo,
mas é difícil negar a vontade de possuí-la.
É duro ser um idiota grande,
O que dirá um grande idiota mandante.
Os ataques de nervos.
A imundície planejada.
Os desprezos e servos.
A orgia generalizada.
“É tudo carne”, ele pensa,
mas a vontade de agarrá-la é imensa.
Um punhal, um lençol e uma vela.
A vida é tão rude quanto uma face amarela.