Tarde vencida, noite vívida
A tarde derramando-se suavemente
Monta o painel do olhar descolorido
Paisagem de um tempo já esquecido
Reminiscentes efluvios desta mente
Que flui adormecida na negra noite
Pelos séculos afora, triste, desiludida
Vagando por tantas vezes já perdida
Alma contrita cuja cova é um açoite
Ardente como o grito que já sem voz
Traz na memória a outrora doce vida
Essa que vem embrutecer a todos nós
Mesmo a carne só trazendo dor atroz
Torna-se cada existência mais querida
Por sabermos que jamais estamos sós.
Brasília-DF, 2 de fevereiro de 2010.